Last updated: Abril 21, 2025 18:17 BRT
Donald Trump, presidente eleito dos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem aumentando seus ataques a Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Com isso, os analistas já temem uma turbulência ainda maior nos mercados financeiros.
A ofensiva de Trump ocorre em meio à análise de um caso que pode facilitar a demissão de Powell pelo presidente. Portanto, coloca ainda mais lenha na fogueira que vem consumindo o otimismo dos investidores.
Afinal, a economia norte-americana — e mundial — pode começar a sentir em breve os efeitos da guerra tarifária iniciada por Trump contra a China. Mesmo após o recuo momentâneo do ‘tarifaço’ sobre importações de outros países, a escalada no embate com os chineses pode ser suficiente para um aumento da inflação no país.
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Trump pressiona por queda dos juros
Os ataques de Trump contra Powell têm como tema principal as taxas de juros do país. Afinal, é o Fed que decide o nível dos juros nos EUA — e seu presidente já deu a entender que pode contrariar os interesses de Trump nesse sentido.
O presidente dos EUA criticou Powell recentemente por, segundo ele, não ser agressivo o suficiente nos cortes da taxa de juros. Cabe lembrar que Trump já foi acusado de manipular o mercado para baixar os juros .
Antes da troca no poder, o Fed vinha reduzindo aos poucos os juros, à medida que a inflação baixava e o ambiente econômico melhorava nos EUA.
No entanto, o cenário se tornou mais nebuloso com a nova política tarifária. Afinal, analistas acreditam que o incremento dos impostos de importação produzirá uma subida dos preços para os consumidores.
Powell tem evitado fazer declarações fortes sobre a política econômica de Trump. Mas declarou no dia 16 de abril que as novas tarifas ‘muito provavelmente’ aumentarão a inflação, pelo menos temporariamente. Ele ainda afirmou que o Fed deve esperar uma clareza maior antes de considerar possíveis ajustes em sua estratégia para os juros.
Em seguida, Trump subiu o tom contra Powell, inclusive ameaçando seu cargo como presidente do Fed:
Se eu quiser tirá-lo, ele sairá bem rápido, acredite (…) Não estou satisfeito com ele.
Além disso, Kevin Hassett, conselheiro econômico de Trump afirmou que a equipe do presidente continuará ‘estudando o assunto’, referindo-se à busca de uma maneira de tirar Powell do cargo.
Fed independente? Depende
O Fed tem um poder considerável sobre o ambiente econômico dos EUA. Afinal, quando corta a taxa de juros de curto prazo, pode tornar o crédito mais barato. Com isso, tende a incentivar os gastos e aquecer a economia.
No entanto, quando a inflação está alta, o Fed faz justamente o contrário: busca um nível de juros mais elevado para tentar esfriar a atividade no país. Ao fazer isso, pode enfraquecer a economia e levar a um aumento do desemprego.
Portanto, o papel do Fed é o mesmo do Banco Central do Brasil — e, assim como o BC, o Fed é independente. O objetivo é justamente permitir que o órgão tome decisões consideradas impopulares.
Pela lei, o presidente dos EUA não pode demitir o presidente do Fed, exceto por justa causa. No entanto, o caso de Powell vem gerando alguma polêmica porque ele foi nomeado como membro do conselho da instituição e, em seguida, elevado à presidência — pelo próprio Trump, em 2017.
Por isso, há quem argumente que ele pode ser destituído da função de presidente. No entanto, caso Trump vá adiante com a tentativa de demiti-lo, o mais provável é que o caso vá parar na Suprema Corte.
Como os republicanos indicaram a maioria dos juízes atuais da Suprema Corte, não seria tão surpreendente uma decisão que favorecesse Trump nessa disputa. Portanto, o mercado já começa a temer uma escalada da briga do presidente com o Fed.
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