Desempenho do Bitcoin no 1º Trimestre de 2025
Escrita pela Ana de Mattos, Analista Técnica e Trader Parceira da Ripio, uma das maiores plataformas de criptoativos da América Latina.
O mercado de criptomoedas vinha de um rali impressionante no final de 2024, com o Bitcoin acumulando uma valorização de 181% no ano anterior. Em contraste, o primeiro trimestre de 2025 foi marcado por volatilidade, incertezas macroeconômicas e uma desvalorização de 30% entre o topo histórico e o último fundo recente.
No primeiro mês do ano, o Bitcoin chegou a renovar sua máxima histórica. No entanto, agora encerra o trimestre em torno de US$ 82.000, configurando o pior desempenho para um primeiro trimestre desde 2018.
Vamos investigar as principais causas e fatores que contribuíram para esse desempenho.
Janeiro 2025
O Bitcoin iniciou janeiro em torno de US$ 93.000 e rapidamente retomou seu movimento de alta. Ao longo do mês, atingiu um novo recorde histórico quando passou a custar US$ 109.588 por unidade no dia 21/01.Parte desse movimento foi impulsionado por notícias corporativas, como a compra de 10.100 BTC pela Strategy – empresa conhecida por sua estratégia agressiva em criptomoedas. O anúncio reforçou a pressão compradora e contribuiu para a disparada do preço acima dos US$ 100.000. Nesse ponto, faltavam poucos drivers para elevar o preço do Bitcoin até os US$ 110.000.
O impulso que faltava veio com a posse do presidente Donald Trump nos EUA, que renovou o otimismo dos investidores cripto com promessas de sua campanha para o setor: tornar os EUA a “capital cripto”, criar uma Reserva Estratégica de Bitcoin e fomentar um ambiente político mais favorável às criptomoedas no país.
Ainda no âmbito macroeconômico, em janeiro, o FED manteve a taxa de juros estável em 4,25%–4,50%, indicando que a inflação ainda estava acima da meta. Sem cortes de juros, o potencial de alta adicional do Bitcoin e outras criptomoedas foi limitado, uma vez que, em cenários de juros elevados, a renda fixa tende a se beneficiar, enquanto o apetite ao risco entre os investidores diminui.
O Bitcoin encerrou o mês em torno de US$ 102.000, acumulando uma alta de 14% em janeiro (entre a mínima do mês e o preço de fechamento).
Fevereiro 2025
Fevereiro trouxe uma forte correção ao mercado cripto, com o Bitcoin registrando quedas acentuadas ao longo de várias semanas e eliminando os ganhos do mês anterior.
A mudança de humor do mercado está ligada, em grande parte, às notícias macroeconômicas e políticas. Um dos primeiros gatilhos foi a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos EUA, que veio acima do esperado em +0,5%, reforçando a visão de que o FED poderia demorar a cortar os juros.
Na segunda metade do mês, o cenário piorou para a renda variável com o aumento de tensões geopolíticas e comerciais. Trump anunciou tarifas de importação agressivas sobre produtos do México, Canadá e China. Essa medida acendeu temores de uma guerra comercial, levando os investidores a reduzirem suas exposições em ativos de risco.
A inflação resistente, risco de guerra tarifária e sinais de desaceleração econômica criaram um cenário de instabilidade que respingou sobre o mercado cripto em fevereiro.
No setor cripto, paralelamente aos fatores macro, o mercado enfrentou um mega-hack de cerca de US$ 1,5 bilhão em Ether extraídos da corretora Bybit. O evento contribuiu para a maior queda diária do Bitcoin em meses, que foi abaixo dos US$ 90.000, registrando o nível mais baixo desde novembro do ano anterior.
Também em fevereiro, houve um movimento de realização de lucros e saídas de capital de ETFs Spot de Bitcoin. Os outflows totalizaram cerca de US$ 3,3 bilhões em resgates. Este movimento foi causado por hedge funds e traders fechando suas posições lucrativas.
Em outra ponta, o mercado futuro de Bitcoin sofreu um carry trade negativo com os prêmios dos futuros despencando para mínimas de 52 semanas e indicando forte redução de alavancagem no mercado.
Contudo, fevereiro não teve apenas notícias negativas. Grandes players institucionais mantiveram interessante durante a correção. A BlackRock (maior gestora de ativos do mundo) ampliou sua exposição ao Bitcoin como um sinal de que, apesar das quedas, o dinheiro inteligente vê oportunidade de longo prazo. A Strategy, após as compras de janeiro, levantou capital adicional em fevereiro para continuar sua estratégia de adquirir Bitcoin. Esses movimentos indicam a convicção de grandes investidores na tese cripto mesmo em meio a um mercado turbulento.
Ao fim de fevereiro, a principal criptomoeda do mercado chegou a US$ 78.258, um recuo de 40% desde a máxima histórica de janeiro.
Março 2025
Em março, o preço do Bitcoin encontrou um ponto de equilíbrio temporário, oscilando dentro de um range na casa dos US$ 80.000 e US$ 90.000. Foi um mês em que o Bitcoin oscilou cerca de 24% entre a mínima e a máxima mensal.
No início do mês, o Bitcoin se aproximou dos US$ 90.000 impulsionado pelas expectativas positivas de um governo pró-cripto nos EUA. Foi o momento em que Donald Trump cumpriu a promessa de uma Reserva Estratégica de Bitcoin – ao menos em parte. Trump assinou uma ordem executiva estabelecendo a criação da Reserva, mas o mercado digeriu só mais tarde o tom mais conservador da iniciativa: a reserva seria capitalizada com criptomoedas confiscadas pelo governo em operações legais, sem compras adicionais de mercado.
Muitos investidores consideraram a medida simbólica, mas fraca em impacto econômico. Apesar de estar abaixo das expectativas do mercado, a ordem executiva de Trump representou um fato histórico: foi a primeira vez que o governo americano reconheceu o Bitcoin como ativo de reserva nacional. No mesmo dia, a Casa Branca realizou uma cúpula de cripto com executivos do setor, indicando uma abertura para o diálogo.
Outro momento marcante durante o mês foi o desfecho dos processos da SEC contra empresas cripto. A SEC (reguladora do mercado financeiro nos EUA) encerrou uma disputa contra a corretora Coinbase, e o episódio ficou marcado como uma grande mudança da postura regulatória nos EUA em relação às criptomoedas.
Além disso, a SEC e a Ripple Labs chegaram a um acordo, encerrando um longo processo judicial relacionado às vendas do token XRP. Essa resolução removeu uma nuvem que pairava sobre a XRP desde 2020. Em resposta, acumulou alta de +11% em um único dia após a conclusão do caso Ripple e voltou ao 4º lugar no ranking de capitalização de mercado.
No front macroeconômico, O CPI de fevereiro nos EUA (divulgado em março) apontou desaceleração da inflação, com alta anual de 2,8% e levemente abaixo do esperado (2,9%). Essa foi uma surpresa positiva que reforçou as perspectivas de que a inflação estava gradualmente sendo controlada. Em resposta, o FED manteve os juros estáveis em 4,25%–4,50% em sua reunião de 19/03 e ainda sinalizou dois possíveis cortes de juros em 2025. Na ocasião, o presidente do FED, Jerome Powell, chegou a minimizar os riscos de recessão. As bolsas e as criptos tiveram uma breve alta após o comunicado.
Sobre a dinâmica de mercado, observamos que durante março, investidores de longo prazo e baleias voltaram às compras, aproveitando as correções de preços. Dados on-chain mostraram retiradas massivas de Bitcoin das exchanges: em um único dia, quase 27.740 BTC saíram das plataformas, o maior volume diário em 7 meses. Geralmente, saídas de BTC das exchanges sinalizam que os investidores pretendem guardar em vez de vender suas criptomoedas, indicando confiança na valorização futura.
Essa acumulação sugere que investidores baleias viram a região dos US$ 80.000 como oportunidade. Consequentemente, a dominância do Bitcoin em março se manteve em 60%.
Na contramão de fevereiro, os ETFs de Bitcoin reagiram bem na segunda quinzena de março, recebendo de volta os fluxos positivos (inflows). Esse movimento aconteceu sob um clima mais positivo, com as expectativas de inflação controlada, corte de juros e um ambiente regulatório mais amigável nos Estados Unidos.
No entanto, nem tudo foi perfeito e uma notícia reverteu as expectativas sobre a política monetária dos EUA: nos últimos dias do mês de março, a divulgação do núcleo do PCE (inflação de gastos ao consumidor, termômetro favorito do FED) acendeu um alerta no mercado. O dado veio acima do esperado, com alta de 0,4% no mês anterior e acumulando 2,8% em 12 meses. Esse resultado reforçou a preocupação de que a inflação ainda estava resistente, podendo atrasar os planos de afrouxamento monetário.
Assim, o mercado encerrou março dividido entre a confiança de que o pior da inflação já passou e o receio de que a queda até a meta de 2% não seria linear.
Conclusão
No T12025, o Bitcoin e o mercado cripto vivenciaram períodos de euforia e ajustes. Janeiro foi marcado por um recorde histórico e um sentimento otimista sobre as promessas pró-cripto do governo americano, enquanto fevereiro trouxe um resfriamento do mercado diante de incertezas macroeconômicas e decisões sobre a política monetária dos Estados Unidos.
Apesar de o trimestre ter terminado “no vermelho” para as cotações, as bases estruturais saíram mais fortes: agora há maior clareza regulatória nos EUA, os ETFs continuaram a atrair forte entrada de capital institucional e o Bitcoin reafirmou seu papel como ativo macro relevante, respondendo fortemente às expectativas políticas, especialmente relacionadas a Trump, e sendo influenciado por decisões do FED.
Ficamos agora atentos ao calendário econômico e às tendências macroeconômicas para orientar futuras decisões de investimento e aportes fracionados, sempre com uma perspectiva de longo prazo.
Isenção de responsabilidade: As opiniões, bem como todas as informações compartilhadas nesta análise de preços ou artigos mencionando projetos, são publicadas de boa fé. Os leitores deverão fazer sua própria pesquisa e diligência. Qualquer ação tomada pelo leitor é prejudicial para sua conta e risco. O Bitcoin Block não será responsável por qualquer perda ou dano direto ou indireto.Aviso Legal: o conteúdo deste artigo reflete exclusivamente a opinião do autor e não representa a plataforma. Este artigo não deve servir como referência para a tomada de decisões de investimento.
Talvez você também goste
Solv Protocol, Fragmetric e Zeus Network firmam parceria para lançar o FragBTC: produto Bitcoin nativo da Solana para geração de rendimentos
Em Breve O Protocolo Solv, em colaboração com a Zeus Network e a Fragmetric, lançou o FragBTC para permitir que os detentores de Bitcoin na Solana participem DeFi.

Resolvendo DeFi Fragmentação: Como a Omniston dimensiona a liquidez na TON
Em Breve A STON.fi revelou o protocolo de agregação de liquidez descentralizada Omniston para TON, projetado para enfrentar os desafios da fragmentação de mercado dentro do ecossistema TON em expansão.

Bitcoin: será que 0,01 BTC pode garantir sua liberdade financeira no futuro?

Bitcoin pode subir para US$ 2,4 milhões até 2030, revela previsão

Populares
MaisPreços de criptomoedas
Mais








