Os ETFs de Bitcoin nos EUA enfrentaram um dia de pressão vendedora na quinta-feira (3), com saídas líquidas superando as entradas em US$ 99,86 milhões. O movimento ocorreu em meio a uma forte queda nos mercados acionários, provocada pelo anúncio do ex-presidente Donald Trump sobre a imposição de novas tarifas de importação, que variam de 10% a mais de 50% para alguns países.

Após recuperarem, ETF de Bitcoin sofrem mais um baque. Fonte: SoSoValue
De acordo com dados da Fairside Investors , o GBTC da Grayscale liderou as saídas, com US$ 60,2 milhões em resgates. Em seguida, vieram o BITB da Bitwise (US$ 44,19 milhões) e o FBTC da Fidelity (US$ 23,27 milhões).
Outros fundos, como o ARKB da Ark Invest/21Shares, o HODL da VanEck e o BTCW da WisdomTree, também registraram saídas, embora em volumes menores.
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BlackRock (IBIT) foi a exceção dos ETFs de Bitcoin
Enquanto a maioria dos ETFs de Bitcoin sofria resgates, o IBIT da BlackRock, o maior ETF de Bitcoin em ativos sob gestão, atraiu US$ 65,25 milhões em entradas líquidas, sendo o único fundo a fechar o dia no positivo. O movimento contra-maré indica que investidores podem estar dando preferência a produtos de gestores tradicionais em momentos de volatilidade.
Mas não foram apenas os produtos de ativos digitais que tiveram perdas consideráveis na data de ontem. O anúncio das tarifas de Trump derrubou os índices acionários da Nasdaq, que caiu 6% (pior desempenho desde junho de 2020), da S&P 500 que recuou 4,8% e do Dow Jones que perdeu 3,9%.
Além disso, voltando para o mercado de criptomoedas, o Bitcoin chegou a cair mais de 6%, e agora é negociado a US$ 82,920. Enquanto o Ethereum recuou 1%, caindo para baixo dos US$ 1,800.
Realocação de capital
É crucial entender que os resgates nos ETFs de Bitcoin não representam um abandono do BTC por parte dos gestores. Prova disso foi o fluxo positivo registrado pelo fundo da BlackRock, que captou cerca de 40% do valor total das saídas dos demais ETFs, demonstrando resiliência em meio à turbulência. Além disso, analistas indicam que os fundos podem receber US$ 3 bilhões em aportes no segundo semestre de 2025.
Na verdade, o movimento visto ontem (3) revela um reposicionamento tático dos investidores – tanto institucionais quanto de varejo – que reduziram exposição diante do aumento da aversão ao risco.
Tecnicamente, cada resgate obriga os fundos a liquidar parte de suas reservas de Bitcoin para honrar os pagamentos, criando pressão vendedora imediata no mercado. Além disso, o episódio evidenciou, mais uma vez, a forte sensibilidade dos ETFs de Bitcoin aos riscos macroeconômicos.
Medidas protecionistas como as tarifas anunciadas desencadeiam efeitos em cascata: primeiro nos mercados tradicionais, depois nos produtos de exposição indireta a criptomoedas e, finalmente, no preço spot do Bitcoin e Ethereum. Essa interconexão, antes questionada, mostrou-se mais intensa do que muitos analistas previam.
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